sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Resoluções de ano novo

Vou ser bem sincera: nunca fiz uma lista de coisas que devo/preciso fazer no ano novo, porque simplesmente nunca precisei. Esse ano, porém, comecei a (re)pensar certos conceitos, defeitos e necessidades e me propus a fazer a lista que quem sabe eu cumpra. Então aí vão alguns que eu considero bem urgentes:

01. Arrumar e manter meu guarda-roupa organizado.
02. Amenizar a impaciência, o ciúmes e o estresse em momentos de extrema desnecessidade. Tá que às vezes é necessário sim, pelo menos no meu ponto de vista.
03. Começar a cuidar da minha alimentação e emagrecer, urgente!
04. Focar minha atenção a escola e colocar os estudos no topo das minhas prioridades
05. Deixar de lado hábitos horríveis, tipo roer as unhas e sentar torta nos lugares. Minha postura agradece.
06. Parar de perder tempo com inutilidades. Internet só nos finais de semana.
07. Largar esse jeito reclamão e amargurado de levar a vida. Tudo fica tão melhor quando se tem uma visão mais leve das coisas.
08. Aprender a separar e antecipar tarefas. Nada de fazer tudo ao mesmo tempo e em cima da hora pra acabar malfeito.
09. Dormir oito horas diárias (à noite). Chega de faltar compromissos por falta de disposição.
10. Pôr na cabeça de uma vez por todas que passado nada mais é do que passado e que é lá que ele tem que ficar ou nunca vou ter paz na vida.
11. Aprender a cozinhar, de preferência decentemente.
12. Não deixar pra estudar na véspera, começar a levar a sério minha rotina diária de estudos.
13. Ampliar concepções. Pessoas babacas sempre serão babacas e não sou eu nem minhas dores de cabeça que vão dar jeito nisso.
14. Treinar e pôr em prática meu lado mais gentil e dócil com as pessoas. Essa tô pagando pra ver.
15. Parar de ver amor onde não tem. Sério, isso já passou dos limites.
16. Exercitar minha autoconfiança. Se eu não acreditar em mim, quem vai?
17. Controlar minhas angústias e medos antes que eles me controlem.
18. Escrever textos menos melancólicos, aliás, ser menos melancólica me cairia bem
19. Acrescentar mais espiritualidade na minha vida. Apesar de ser batizada, catequizada e crismada, ainda consigo não ter fé em certos momentos bem precisos, eu diria.
20. Aprender que ser uma pessoa boa não significa carregar a cruz dos outros e que dizer “não” quando necessário não é egoísmo.
21. Tentar ser amável sem parecer idiota. Taí uma tarefa difícil.
22. Parar de gastar tanto em papelarias com coisinhas que só vou usar uma ou nenhuma vez na vida. Isso serve não só para as papelarias.
23. Aprender a tocar violão. Se der tempo, nas horas vagas, quem sabe...
24. Parar de me decepcionar por tudo e por todos e aprender a arte de esquecer o que precisa ser esquecido.
25. Dar valor e ficar perto apenas de quem quer ficar perto de mim. Já foi o tempo de correr atrás de causas perdidas e carregar relações desgastadas nas costas, sozinha.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Vale à pena começar de novo

Depois de tanto andar de um lado pra outro, sem saber muito o que fazer, decidi por algo simples e ao mesmo tempo dificílimo: mudar. Não foi bem uma decisão, as coisas foram apenas fluindo e verdadeiramente eu senti essa necessidade. Nunca fui muito boa em esperar, então o que se pode imaginar é que estou querendo acelerar os processos sem deixar que tudo ocorra da forma natural. Porque eu sei que mais cedo ou mais tarde vai haver uma reviravolta, problemas se solucionam e outros surgem, mas é essa mania de querer estar sempre à frente que atrapalha.
Mal faço uma compra de livros e já estou fazendo uma nova lista. E se acabei de consertar um defeito num aparelho qualquer de uso aparentemente indispensável, já estou de olho num novinho em folha. Isso olhando pelo lado mais consumista. Já falei sobre o meu incomparável talento em estar sempre buscando algo pra me pôr pra baixo? Não espero nem um drama mexicano sair de cena e já estou trabalhando em outro. E confesso, bastidores é o que não falta pra tanta patifaria.
Prometi me tornar alguém mais organizada, cuidar mais de mim e ser alguém melhor para as pessoas ao meu redor também. Estou certa de que fui um completo fracasso em todas essas intenções, eu não só deixei meu quarto como também minha vida mais bagunçada. Larguei de mão meus projetos mais urgentes como aqueles de ser uma aluna mais dedicada e uma filha menos rebelde, deixei mofar num cantinho escuro minhas listas de dietas, produtos que teoricamente eram pra resolver o caso sério da minha pele e também resoluções sonhadoras de ano novo, sem contar que surrei meu coração além da conta. Se eu já era péssima em ouvir conselhos, isso se elevou para o máximo estado de autodepreciação. Olhando pelo lado positivo em meio a tanto dilema, posso dizer que o que restou foi apenas o que resistiu firme e forte e isso inclui pessoas. Graças ao meu bom senhor, ainda existem pessoas que lutam por mim e pelo meu quase extinto bom senso. O resto eu afastei, não fiz o mínimo esforço pra manter ou aproximar, devo ter perdido muitos afetos, muitos amores, bem como devo ter me livrado de muito problema. E fica a dúvida se eu me arrependi ou não. A única certeza que tenho é que não fiz nada que eu pudesse dizer que valeu, de verdade, o tempo transcorrido.
E o ano está aí, praticamente no fim e eu me dando conta de que pouco foi feito. Acho que todo mundo tem essa impressão, e se estou errada, desculpem o equívoco, mas adoro pensar que não estou sozinha nessa. Em imaginar que perdi boa parte do meu ano reclamando do quão a vida foi injusta comigo e remoendo dores que só agora sei, tão descartáveis. Deve ter servido de algo, porque me fez enxergar que, sem dúvidas chegou a hora de retomar, de crescer um pouquinho, deixar de ver tudo e todos com olhos de angustia. É preciso assumir as rédeas do que vai acontecer daqui pra frente, não dá mais pra confiar no destino, a vida não é misericordiosa pra ninguém e o que pode e deve ser feito cabe só a mim decidir e ter força para ir a luta. Dessa vez certa de que eu posso fazer algo realmente valer à pena.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Impulso vital

Foi bem mais do que passar de ano sem o pesadelo das recuperações, foi bem mais que finalmente poder repousar meus estresses diários numa esquina bem longe no passado. Eu quis ficar confinada na dor. A dor é humilde, a dor carece de apego, a dor é poética. Mas essa coisa aqui dentro é persistente. Não foram suficientes minhas batalhas internas em querer me esconder e isolar-me, impedir que nada cresça ao ponto de poder florir. Essa fuga, essa luta, elas não são irrefreáveis, tampouco duram pra sempre. Motivos pra sofrer aconteceram, veio uma onda de tristeza, pensei em tudo, menos na cura, na vontade de recomeçar, só encontrei segurança no meu próprio desamparo. E então quando os ponteiros do relógio parecem não fazer mais diferença, quando os dias parecem ser todos iguais, como uma espécie de milagre, renasce algo em mim e me revigora.
Foram os ares, as pessoas, os acontecimentos, faz diferença? Faz diferença alguns números a mais no calendário? Essa coisa que chamam de “tempo” que deixa tudo pra trás, que não espera nem pede permissão, só vai em frente, arrastando tudo com ele, levando pouca tralha na bagagem e se deixando à mercê do destino. Então é isso? Depois de tudo, a única coisa que eu deveria fazer era simplesmente esperar? De repente nem reconheço mais a pessoa que me olha frente ao espelho. Alguém tão cheio de marcas e poços que nem se digna à arte de se reconhecer. Pra quê se eu já passei por isso? Ponto final nessa história.
Se perguntarem, e aí, de onde vem tudo isso? A felicidade é tão mais generosa, tão mais gratificante e sim, prazerosa. Felicidade tem a ver com força de vontade, ímpeto de não se abalar. É sinônimo de recompensa e não tem garantia, muito menos prazo de validade. Felicidade é calor, coração acelerado e a beira do abismo. É inconsequência e envolvimento, não há como sair salvo. A felicidade, às vezes, é inevitável.
Acontece que eu não sei ser feliz sem arriscar pelo menos um dedo, não sei satisfazer o que prezo e acabo não agradando nem a mim. Eu não sei ser feliz sem pôr pelo menos uma vez a mão no fogo por alguém. Eu não sei ser feliz aguardando, não sei assumir rédeas. Não sei ser feliz sem ser sacana. Queria saber por que, mas não consigo gostar disso.
Eu olho pra trás e não gosto do que vejo. Olho mais atrás ainda e isso me enfraquece. Construir muros, demolir fantasias, esse foi o papel que me predispus a seguir e não vejo como posso estar enganada. Jamais considerei substituir ninguém na minha vida, nem apostar todas as cartas no meu futuro incerto, ainda guardo esse... defeito? De não conseguir criar muitas expectativas por nada nem ninguém. Se nem assim consigo me livrar desses venenos que me atacam diariamente, imagine se eu estivesse totalmente vulnerável, sem máscara, “casca”, como dizem, recobrindo esse poço de fragilidade que sempre fui.
Então cá estou eu tentando uma chance de recomeço. Deixei que novas pessoas tomassem significados diferentes, traçando comigo histórias diferentes, recriando novos espaços que eu nem sabia mais existirem. Novos lugares, novos ares, tudo que preciso, sobretudo para abandonar de uma vez por todas aquilo que me puxa pra trás e quem sabe despertar uma motivação melhor para escrever, pra pensar. Alguma forma de não mais viver relutando e simplesmente deixar levar. Acho que dessa vez não vou conseguir escapar da felicidade, e torço para não ter forças para continuar lutando contra ela.


"Vai passar, tu sabes que vai passar. Talvez não amanhã, mas dentro de uma semana, um mês ou dois, quem sabe? O verão está aí, haverá sol quase todos os dias, e sempre resta essa coisa chamada “impulso vital”. Pois esse impulso é, às vezes cruel, porque não permite que nenhuma dor insista por muito tempo, te empurrará quem sabe para o sol, para o mar, para uma nova estrada qualquer e, de repente, no meio de uma frase ou de um movimento te surpreenderás pensando algo assim como ‘estou contente outra vez."

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Quando tudo começou

E alguma coisa dentro da gente sempre sabe quando é uma data especial. Sem querer ser melancólica, mas já sendo, eu me lembro, não exatamente como foi, mas me lembro de estar feliz de certa forma, por ter sido um dia que veio a marcar os anos seguintes. Pessoas entraram na minha vida, algumas se perderam no caminho, poucas realmente me fizeram chorar: dor ou alegria, pouco importa agora, acontece que se eu recordar demais, posso trazer à tona. Dor ou alegria. E sinto saudades. A época que constantemente meus espaços vagos estavam sendo preenchidos por algo a mais. Uma primeira vez, um novo amor, uma decepção, alguma surpresa de fazer o coração disparar incontrolavelmente. Foi uma era, sem dúvidas. E seu desfecho deu início a uma outra menos agitada, mais serena e sem tantos altos e baixos. Um meio termo que de vez em quando me faz sentir uma nostalgia alucinante de estar com os nervos à flor da pele novamente. Fico imaginando o que seria de mim se o significado dessa data nunca tivesse existido. Talvez estaria apanhando ainda mais da vida, eu não estaria tão preparada pra enfrentar certas situações e quem sabe pouco teria mudado. Sinto-me até meio realizada apesar de noites trancafiadas em quartos de apartamento por castigos eu me julgava desmerecedora. “Que culpa a gente tem em ser feliz?” Claro que toda felicidade tem seu preço e eu não importei de pagar o meu, mesmo que aquilo no momento tenha sido um pesadelo, hoje eu sei como valeu à pena. E veja só agora, nem corro mais tanto risco de ser posta pra fora de casa, quase nem faço mais coisas erradas, que tristeza! O sabor da minha juventude tem um gosto diferente no momento e talvez esteja melhor assim. Posso ter sido apenas uma criança tentando se encaixar num mundo de brincadeira que não me pertencia. Posso ter deixado de lado minha reputação, mas pelo menos eu estava seguindo no ritmo da música e enquanto a banda não parasse, estaria tudo bem. Pode nunca ter sido meu lugar no mundo, estar em ambientes proibidos com pessoas menos parecidas comigo do que eu percebia, mas não é isso que eu tenho comigo, e se eu é quem estiver errada? Não tenho vergonha, nem apego ao passado ou mágoa, só saudade.

Pelo menos o meu passado só me condena. E o seu que te prende?

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Melancolia não dá ibope

Aos trancos e barrancos venho resistindo. Por falar nisso, nunca entendi muito bem essa expressão aos trancos e barrancos. Pelo que andei pesquisando, lá pela idade média a palavra tranco significava os saltos que os cavalos faziam nas competições sob os obstáculos e armadilhas. E a palavra barrancos fazia referência justamente às tais armadilhas. Então o ser humano ao longo do tempo, na sua insustentável não-leveza do ser, retorceu todo o sentido para atribuir em um simples verbete um tanto deprimente que é usado até hoje em textos profundos e sinuosos.
Sem mais delongas, o que quero dizer é que até mesmo eu, a rainha dos dramas mexicanos e dos finais infelizes para sempre, canso de ser atormentada todos os dias pelas minhas preocupações desnecessárias, por descasos que não me remetem mais e agravar problemas que de longe merecem ter o mínimo de atenção. Sem perceber a impossibilidade que as minhas tentativas de me fechar pro resto do mundo representavam, deixei que as decepções virassem um martírio cotidiano e de uma forma ou de outra, isso me esgotou.
Acontece que querendo ou não, a gente acaba criando anticorpos. E no ritmo que os problemas vão se alargando, a maneira de ver aquilo como um problema também muda e é preciso bem mais do que pequenas traições, desleixos e amores não correspondidos pra fazer o balanço da vida desandar. Chega uma hora que a gente perde o interesse. Desata os nós que puxavam contra maré e simplesmente segue em frente sem mesmo olhar pra trás.
Tanto que eu procurei mudar, tanto que eu quis me livrar de velhos hábitos infantis e agora posso dizer sem amargura que o passado é passado e foi bom enquanto durou. Não dá mais pra ficar se lamentando, isso destrói a gente e afasta o que é doce e bom. Minha mãe sempre me disse que coisa ruim atrai coisa ruim, comecei a passar longe de coisa ruim e se passo perto, nem olho pros lados. Procurar é o primeiro passo para aceitar os problemas. E sabe o que mais? Ando cansada de ser carga de dor e angústia, a partir de agora não alugarei mais ninguém com minha presença pesada e se for possível, nem a mim mesma.
"A vida é incontornável. A gente perde, leva porrada, é passado pra trás, cai. Dói,ai,eu sei como dói. Mas passa.Tá vendo a felicidade ali na frente? Não, você não tá vendo, porque tem uma montanha de dor na frente."

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Apesar de

As minhas mãos sobre as suas fraquejaram, a conversa afiou e no embaraço da espera, até meu coração indeciso quis enfim descansar. Numa dança incoerente, onde a gente nunca sabia que passos seguir, eu pude enxergar que talvez tivesse mesmo chegado a hora de enfrentar a realidade que me separava da sua. Não somos mais aquelas crianças que não sentiam peso nem culpa por serem irresponsáveis, por se embalarem em ruas cinzentas e se misturar na noite embriagados em meio a tanto cativo e cervejas baratas. Não carrego mais a mesma bagagem, sei tão pouco da sua vida e só nos aproximamos vezenquando numa esquina após fazermos uma escolha errada, depois de trancafiarmos algum sentimento e perdermos o controle das situações que a vida nos impõe. Sempre sendo tão pouco generosa com a gente, ela, a Vida. Desse jeito destacado, porque ela, a Vida, toda Ela, tem a ver com Você. Você maiúsculo, em letras garrafais e neon. Inevitavelmente, por mais que não me importe, por mais que a razão grite pra ter sua liberdade, é tão pouca a paz que me permito ter. Falta coragem pra dizer que nunca mais, falta pulso pra admitir que o passado só é passado por um motivo. Falta parar de lembrar datas, de tecer lembranças e acomodar esse eterno estado de depreciação. E todas as vezes que senti falta, que chorei e me odiei por ainda me atrever a ter saudade. As suas frases cheias de adeus ou na falta deles, eu deixei de me importar. Que te ver em dias não tão amistosos pode ser estranho, doloroso e que tenha no ar a impotência de um último encontro. Posso criar uma farsa bem ousada de que não me incomoda mais seus silêncios e que não vejo seus gestos como uma tentativa de chamar minha atenção. É certo que não dançamos mais a mesma música, nem estamos mais nas mesmas fotos, nossas vidas podem estar reviradas pro lado contrário, mas continuo a pensar que de alguma forma meio telepática, espiritual ou astral estamos interligados nessa relação incorrigível.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Feliz ano velho

Minhas férias começaram bem, talvez não tão bem por causa daquele chororô de fim de ano, as despedidas de cortar o coração. Quem passou por média passou, quem reprovou, sinto muito – eu agradeço por fazer parte do grupo dos inteligentes da sala, o que claro, não me inclui, mas ainda assim é muito bom, porque ninguém merece fazer parte do grupo das sirigaitas ou das desmioladas – com todo respeito, por favor, não me interpretem mal, isso aqui não é nenhuma referência a exclusão social.
O que quero dizer é que, pelo menos no início tinha um quê de emoção, o que nesse momento não é o caso. Quem era pra ir embora já foi, quem era pra viajar já viajou. Mas infelizmente eu não tenho muitos parentes fora, e os que tenho moram num interior mais interior do que aqui, então tenho que me contentar e esperar até o Natal para bater as asinhas e me livrar desse projeto de fim de mundo. Mais uma vez, não é querendo menosprezar essa cidade tão amada, principalmente pelos meus velhos conhecidos que ocupam cargos apreciados na prefeitura. Enfim, estou me dispersando muito, culpa do ócio.
O mais triste foi ter que lidar com as despedidas. Achei que seria difícil, no fim foi mais desesperador do que o imaginado. Em pensar que esse foi o último ano para levar as coisas mais ou menos na brincadeira – e eu nem levei! Fiquei o tempo todo reclamando, fui irresponsável, porque não aguentei a pressão sob meus ombros e por pura falta de motivação. Mudei meus hábitos noturnos drasticamente. Se antes eu curtia a vida num total estilo top na balada, agora eu me restrinjo a filmes, livros, doces, música e lógico, muita escrita. Word que o diga. Coitado, ouviu muita choradeira. E agora que acabou, estou coberta por nuvens de arrependimento e louca da vida pra começar de novo. Total desperdício. Acho que vou sentir falta desse ano mais pelo que ele não foi.
Apesar desses momentos que caio na real e sofro dores de cotovelo maiores que aquelas que tenho nas costas por não me sentar direito, finalmente tenho aqui comigo uma espécie de paz. Quem diria! Não é que eu consegui? Não foi esforço nem tentativa, apenas o tempo, amigos. Ele pode até não curar, mas tira o incurável do centro das atenções. Clichê mode on agora, mas clichê só é clichê por uma razão: porque é verdade.
Esse era um texto pra falar dos meus planos pra esses dois meses antes de voltar à guerra, mas como sempre, tudo acaba na mesma coisa chata, eu. Queria falar sobre meu tédio terrível, mas só consigo pensar em solidão, sem contar que tenho problemas bem sérios pra resolver como o meu celular que come todos meus créditos quando faço recarga ou meu notebook que viciou na tomada e o som está com defeito há meses, bandido! E também o meu guarda-roupa que desde não sei que era não é arrumado, tampouco atualizado. Coisas simples que estão me incomodando de uma maneira angustiante. Sim, atualmente estes são os meus maiores problemas, acho estou me tornando uma criatura fútil, Deus me proteja.
Acontece que eu sinto estar verdadeiramente pronta para mudanças. Não me arrependo de ter alterado aqueles gostos juvenis e tentar ser sociável, aquilo era um saco e ainda bem que eu superei e percebi que de forma alguma me enquadraria. Agora que já achei meu lugar no mundo, é só aperfeiçoar e seguir em frente? Isso mesmo, seguir em frente. Repeti isso tantas vezes esse ano que chega a soar até um pouco artificial, mas é pra valer dessa vez e vai ser pra valer.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

É sempre amor mesmo que mude

"I love you so much. So, so much, and I probably always will. I just don't like you anymore."


Um dia me perguntaram o que exatamente nós éramos. Maneira meio anormal essa da gente conviver, não me admira que as pessoas falem. Sei que em meio a controvérsias, na nossa relação permanece um tipo de integridade. Ora aberta ora discretamente imprevisível. E fica claro que nessa luta de manter laços já meio desalinhados ninguém sai salvo, ninguém se convence ou cria esperanças, o que faz a gente se perguntar o porquê de ainda tentar. Talvez não esteja tão claro assim. Se fosse amor eu saberia as palavras certas pra usar, eu botaria pra fora tudo que me consome sem preocupação. Se fosse amor não haveria coração machucado. Nem esgotado. Mas e se não é amor, porque é que ainda estamos parados, procurando culpados, por que não simplesmente desistir? Ninguém se move. Ignoramos todas as vozes que nos dizem pra seguir em frente. E ultrapassamos as barreiras do bom senso para querer simplesmente por querer.
Não há um dia que eu não pense em nós e nossas histórias, as loucuras hoje extintas, apagadas sem que isso fosse escolha de nenhuma das partes envolvidas. Ainda espero que a gente se esbarre em qualquer lugar, aqui ou em Bucareste, tanto faz. Só espero que quando a gente se cruzar, assim meio sem combinar, “ao acaso” como se diz, não seja triste nem que o ambiente seja invadido de aflições ou mágoa e silêncio inquietante. Não espero que seja simples e fácil, não espero que seja como antes. Até porque perdi a capacidade de fazer coisas assim, drásticas demais, como esperar.
Eu costumava me lembrar de você como uma parte isolada da minha vida. Algo que de tão diferente e irreal não mereça se juntar ao resto – tão pacífico, tão eu mesma. Pode ser que hoje não saibamos reconhecer nada disso, nem possamos tratar como incondicional – o que admito, nunca reconheci ser. Até agora. Mas quando não há mais paixões a serem descartadas, quando a solidão aperta em dias cruéis e nublados, quando a ficha cai. É quando eu espero um sinal seu, uma ligação pra ouvir sua voz e que mesmo em meio a constrangimentos e falta de assunto, sempre se pode dizer que estava com saudade. E perguntar se está tudo bem, que será respondido com um vago sim, está, nada errado e com você. E vai disfarçando e fingindo que não é nada, quando na verdade é sim, e é bastante.