Não só eram contadas as histórias como compartilhávamos uma. Não sei como e nem pra onde foi parar, ela se encheu de abismos e a sua pretensão de não sair deles é o que mais dói. 
De tanto ser rotulada, nossa relação acaba por cair num faz de conta que nem eu nem você entendemos. Você, todo prosa, fica mastigando as próprias indagações fazendo tudo ser uma tamanha complexidade e eu atrás tentando compreendê-las. Esse é o motivo aparente para me importar tanto. Me desperta a atenção todo esse teatro, essas lamúrias que te fazem tão imensamente mais complicado que eu. É intrigante, admito dizer até com um toque pouco masoquista. 
Tenho absoluta certeza que encontrarei por aí seres humanos menos impactantes e mais agradáveis que você, talvez até cubram o espaço vago que foi deixado, nunca da forma que me satisfaça, pois me adaptei a sua aspereza. É verdade que não sinto felicidade alguma nisso tudo. De certo, o gosto em ter paz não supera os meus impulsos em te acompanhar nessas jornadas de intensa amargura, mas não sei até que ponto sou capaz de ir seguindo essa mesma trajetória que parece nunca parar. 
Claro que muitas vezes já fiz promessas em deixar de lado, fracassadas pelo ímpeto de sempre voltar atrás.  Quem sabe se você fosse mais piedoso e começasse me deixando de lado totalmente, eu já teria superado essa questão de vez. 
Talvez eu demore pra perceber que o que eu preciso é de companhias leves e que o preço para conquistar a confiança de alguém – sobretudo a sua – é alto demais.

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