As minhas mãos sobre as suas fraquejaram, a conversa afiou e no embaraço da espera, até meu coração indeciso quis enfim descansar. Numa dança incoerente, onde a gente nunca sabia que passos seguir, eu pude enxergar que talvez tivesse mesmo chegado a hora de enfrentar a realidade que me separava da sua. Não somos mais aquelas crianças que não sentiam peso nem culpa por serem irresponsáveis, por se embalarem em ruas cinzentas e se misturar na noite embriagados em meio a tanto cativo e cervejas baratas. Não carrego mais a mesma bagagem, sei tão pouco da sua vida e só nos aproximamos vezenquando numa esquina após fazermos uma escolha errada, depois de trancafiarmos algum sentimento e perdermos o controle das situações que a vida nos impõe. Sempre sendo tão pouco generosa com a gente, ela, a Vida. Desse jeito destacado, porque ela, a Vida, toda Ela, tem a ver com Você. Você maiúsculo, em letras garrafais e neon. Inevitavelmente, por mais que não me importe, por mais que a razão grite pra ter sua liberdade, é tão pouca a paz que me permito ter. Falta coragem pra dizer que nunca mais, falta pulso pra admitir que o passado só é passado por um motivo. Falta parar de lembrar datas, de tecer lembranças e acomodar esse eterno estado de depreciação. E todas as vezes que senti falta, que chorei e me odiei por ainda me atrever a ter saudade. As suas frases cheias de adeus ou na falta deles, eu deixei de me importar. Que te ver em dias não tão amistosos pode ser estranho, doloroso e que tenha no ar a impotência de um último encontro. Posso criar uma farsa bem ousada de que não me incomoda mais seus silêncios e que não vejo seus gestos como uma tentativa de chamar minha atenção. É certo que não dançamos mais a mesma música, nem estamos mais nas mesmas fotos, nossas vidas podem estar reviradas pro lado contrário, mas continuo a pensar que de alguma forma meio telepática, espiritual ou astral estamos interligados nessa relação incorrigível.
Que perfeito,
ResponderExcluirmuito, muito lindo, me identifiquei!
Muito interessante!
ResponderExcluirParabéns pelo texto e pelo blog...
Tá muito bacana...
Vooc é muito profunda em suas palavras!
Não consigo dizer nada. Você me deixa sem palavras.
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