Não se trata mais de uma solução. A questão não é simplesmente me dar por vencida, e deixar de ir à luta. O golpe fatal me atingiu, perderam-se as razões para que eu continue insistindo? O fato é que o tal do golpe fatal me coloca em saias justas todos os dias, de todas as maneiras possíveis. Eu finjo que acabou tudo até começar de novo. Eu não sou tão simplesmente limitada ao ponto de querer soluções para as minhas neuras e o eterno medo de encarar esse mundo, que por ser meu, é tão inteiramente complicado e cheio de falhas e perigos que nem eu sou capaz de enfrentar. Esse medo constante que me impede da tarefa árdua de querer ser um pouco mais corajosa, um pouco menos repreendida. É tanta roupa suja que precisa ser lavada, é tanto sentimento desconvexo solto no ar, é tanta fé depositada em juras rimadas a uma quase certeza de que, ah, nada vai dar certo.
Algumas pessoas são iguais aquela carne solta de uma unha que você roeu. Incomoda, mas você não arranca, porque dói. Eu já me conformei com a ideia de conviver com essa realidade de que, por mais exaustivamente que se tente tirar alguém da cabeça, isso não vai acontecer enquanto você não se permitir sofrer, não se deixar levar pelas ondas de calor ou de frio, não importa o tempo que faça lá fora. Por mais violentas que sejam essas ondas, é preciso enxergar que há algum equilíbrio, onde a dor e a satisfação andam de braços dados. No meio de toda essa confusão, eu aprendi que o primeiro passo para se libertar, é aceitar o problema.
Eu bem sei que minhas palavras não fazem mais sentido algum ao que quero transmitir. Era pra ser uma conversa civilizada, acabou se tornando dois corpos ocupando o mesmo espaço, contrariando todas as regras da física e da minha própria lista de regras de autodefesa. Era pra ser, de alguma forma, uma exercício de força que pudesse me ajudar a vencer minhas fraquezas, enfrentar a minha nova lucidez. Mas não. Eu sou menina, sofro de danos colaterais facilmente, sou frágil e não nasci pra encarar esse mundo sozinha. Tenho que ter alguém a quem segurar a mão. E nem sempre vou aceitar de bandeja ou muito menos perceber uma oportunidade que passa a frente desses meus olhos anestesiados de coisa fácil. Coisa fácil é brega, coisa fácil é simples, coisa fácil não existe e nem tem valor. Enquanto isso, ocupo minhas noites insones pensando em quem com certeza nunca vai reconhecer esse meu mais puro, talvez único, gesto de coragem: o de sempre estar no mesmo lugar e pronta para aqueles que talvez nunca fariam o mesmo por mim.

Nenhum comentário:
Postar um comentário