- Tenho ímã pra gente problemática.
- Dizem que quando as pessoas nos procuram é porque querem um conselho de alguém que passa algo diferente e de fato desejam aquela postura de vivência. E Deus usa essas pessoas, que tem o ímã.
- Quer dizer que Deus me usa pra transmitir conforto pros outros?
- Tu és especial.
- Não, então porque sempre te procuro? Você deve ser o meu correspondente.
- Você é o meu correspondente.
domingo, 28 de agosto de 2011
sábado, 27 de agosto de 2011
Sobra tanta falta
Antigamente não era tão comum, mas agora todos os dias sou invadida por sensações nada agradáveis de quem a muito está coberto por um vazio irrefreável. Por aqui vou suportando as pessoas com sua superficialidade, as boas e efêmeras emoções, observando como nada parece realmente acontecer. Sempre fico me questionando sobre pra onde foi parar o diferencial, cadê a essência, cadê os planos saírem do papel, onde estão as boas lembranças além de uma velha esquina do passado. Cadê o tal do amor, aquele que cansei de tanto sonhar.
É que eu cansei de procurar. Procurar nesse vão enorme alguma coisa que faça diminuir esses buracos. É pior do que procurar agulha num palheiro, porque sempre tem alguma coisa que sufoca, que te puxa pra trás e te impede. Uma dor, uma expectativa que não se cumpriu, um excesso de falta. Só queria sair desse posto medíocre de objeto a qual todos ignoram, dá pra entender?
Vez em quando há momentos raros que me apego à esperança de que quem sabe nem tudo esteja perdido e os pedaços, esses que foram se perdendo no caminho, comecem a voltar aos poucos. É certo que nunca me dei conta da completude que minha vida sempre foi, mas será se era preciso me mostrar desse jeito destacado em letras garrafais e neon que um passo em falso e lá se foi tudo de bom que eu já tive. Mas tô aqui, ainda que aos tropeços, assistindo a vida me tirar mais e mais. Resistindo e desejando que passe logo, mas não passa. O meu grito de desespero soa incontido, alarmado e mudo, porque por mais que eu queira, ninguém vai ouvir.
Perambulo zonza durante a noite sentindo fome de algo que não sei o que é. Recaídas, tenho delas o tempo inteiro, por tudo, por todos e por algum motivo elas não me fortalecem. Era pra ser assim, tá escrito em algum lugar, mas não é. Não quero que pensem que estou me fazendo de vítima, querendo me recobrir sobre o próprio sofrimento, não quero provocar esses sentimentos sórdidos de pena que qualquer um possa ter. Talvez quem eu quero atingir nunca ouça meus gritos desesperados ou nunca leia minhas cartas borradas de arrependimento.
Por mais que eu utilize de todos esses artifícios básicos para me mostrar forte, uma noitada sempre acaba em porre, um amigo sempre decepciona e uma paixão de poucas horas sempre abandona. É como se eu fosse obrigada a me render a essas solidões e deixar de negar a mim mesma as vontades absurdas que tenho de falar, falar, falar... Até, quem sabe, eu conseguir fazer entenderem, que minha indiferença nunca foi real, que tudo que levo aqui comigo é só um imenso vazio e que estou cansada de me esconder por medo de encarar a realidade lá fora.
Não sei, não. Não tá tudo bem pra mim se for sempre assim, deixei o futuro pra depois, tenho demasiado medo de pensar como que vai ser daqui pra frente.
07/05/2011
segunda-feira, 22 de agosto de 2011
O que acontece no escuro
Quando nem os ponteiros do relógio fazem mais diferença no meu dia e nem as pessoas parecem ter algum valor, me pego vagando em memórias soltas, em lembranças proibidas do que nunca aconteceu. Não é que eu queira ficar estragando e maliciando as únicas recordações que tenho de nós. Culpo-me imensamente em transformar algo puro e bom em um tipo de alicerce corrompido, sujo e que alimenta meu lado mais sombrio.
Chego a conclusão de que o mais certo é inventar algumas desculpas juvenis do tipo Isso-é-errado ou até mesmo fazer-me perguntar por que eu ainda estou nessa história. Mas o que devia ser feito mesmo era eu desejar que tudo se foda, porque ele-não-dá-a-mínima-pra-mim então por que ainda estou aqui parada insistindo?
Já perdi a conta de quantas vezes eu já tentei assumir esse sentimento – pra mim mesma. Não é que eu esteja louca, ou algo assim, mas o suficiente pra me fazer querer esperar o quanto tempo for para alguma retribuição de afeto, um carinho e se eu estiver num daqueles dias de mais pura carência, desejo não menos do que uma noite a sós com silêncio de palavras e respirações aceleradas. Quero que me falte o fôlego, se for preciso, quero tirar o seu também. Então logo te imagino perguntando aonde foi parar o meu juízo. Cadê? Também não sei pra onde foi, só que tenho a impressão de que foi você quem levou, junto com todo resto de virtude que me restava.
Que espécie de garota mais clichê eu sou. Sonhando com a paixão impossível e perseguida pelos tremores que causam apenas na alusão de serem imaginadas. Vem de lá essa conspiração, não me responsabilizo. Na verdade, eu tô preferindo considerar sua culpa, você me deu todas razões mais que necessárias para acreditar em nós. Não que eu quisesse crer que as chances desse nosso caso ir à frente poderiam se firmar e não é que eu esteja preocupada com o que pensam lá fora. Apenas fomos traídos pelos nossos estúpidos sentimentos. Entende onde quero chegar? Nós somos as vítimas aqui. Estou falando em “nós” sem mesmo me dar conta que o que está em questão sou eu, eu e meu gravíssimo problema em (te) querer, o que está fora do alcance.
Talvez isso passe. Ah, com certeza vai passar, esse não é o meu, não é o nosso perfil. Essa ligação transtornada que repentinamente se tornou uma angústia, um peso a ser carregado, que depois não passará de um passado triste. Pelo menos é o que espero. Não posso conviver pra sempre desse jeito, plantando essa sementinha de desavença aqui dentro. Seria um desvio enorme de conduta, um desfalque totalmente irracional. Até pra mim.
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sábado, 20 de agosto de 2011
Uma longa estrada de (des) ilusões
Tudo era apena uma brincadeira que foi perdendo o controle aos poucos e pedindo sempre mais. E quando não adiantava nem mesmo as várias brigas internas que tive tentando me convencer que não valia à pena, que aquela relação não tinha espaço para mais nada e que, claro, eu acabaria me machucando. Eu simplesmente mandei minha razão catar coquinho. Você podia não notar, mas nos corredores eu estava te seguindo, e nas conversas participava só pra ouvir o que você tinha a dizer, escutar as bobagens que me faziam rir. Nos lugares, eu estava em praticamente todos, você instigava minha atenção e eu retribuía até com um pouco de excesso. Teoricamente te dei todas as chances possíveis de chegar e pedir pra ser mais do que apenas um objeto de minha cobiça e admiração. Não me poupei em ignorar seus eternos descasos como uma boa e paciente menina, sonhando que tinha encontrado finalmente alguém a sua altura, um rapaz que agradava em ser presente e tinha uma boa conversa, que possuía a gentileza dos gestos e uma educação tão apreciada por todas outras iludidas como eu que vivem ao seu redor. Como não se encantar, como não querer levar pra casa e guardar num cantinho seguro alguém que nasceu com todas as qualidades de um cara que eu sempre quis ter. No entanto, meus pressentimentos que outrora havia tido se cumpriram, você me tinha não mais do que mais uma em sua vida. Deixei passar todos os vestígios que faziam de você um mero reprimido, alguém que foge de relacionamentos e da seriedade dos próprios sentimentos. E vai seguindo nessa sua exaustiva fuga em não me aceitar, porque veja bem, menino, se eu estou aqui é porque você me deu motivos para estar. Nunca fui do tipo que se ilude fácil, não nessas condições. Simplesmente já não vejo mais cabimento em esperar o milagroso dia em que você vire homem e assuma de vez o que quer. Sua indiferença me cansou e você pode até não entender meus pretextos em virar a cara toda vez que tenta limitar minhas atenções, quem sabe pra levantar seu ego. Talvez tenha sido esse o meu significado esse tempo todo. Pra te vangloriar, pra te fazer suportar a própria insensibilidade. Não vou dizer que tenho outros a quem recorrer, não vou te desejar mal apenas por não corresponder minhas lamúrias, apenas te peço que não provoque mais minhas emoções, não me dê mais razão pra te odiar, porque de você eu só aceito reciprocidade quanto aos meus sentimentos ou distância. Como sei que a primeira está fora do seu alcance, então não reclame por eu te ignorar e te aconselho a não entrar no meu joguinho. Perceba que minha estupidez sumiu com toda afabilidade que tinha por você. Se for pra ser parte da minha história, que seja herói ou vilão, porque de ser atriz principal eu já estou cheia.
"Ou me quer e vem, ou não me quer e não vem. Mas me diga logo pra que eu possa desocupar o coração."
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sexta-feira, 19 de agosto de 2011
Na dúvida, escrevo
Posso recitar mil poesias, querer imitar todos os poetas que admiro ou tentar encantar todos meus amores não correspondidos e ainda me restarão incertezas quanto ao que quero transpassar e o que realmente entendem a meu respeito. Escrevo pecando na vontade de querer ceder o máximo de mim, querendo conduzir todas minhas dores e recordações ao outro, para que ele saiba o que acontece aqui dentro e carregue a mesma cruz. Escrevo para que entendam, acima de tudo, compreendam que posso impedir que me levem ao caos, mas que também sou capaz de travar uma guerra. Não, não estou pedindo para que invadam minha intimidade, até porque, de longe, está prestes a existir alguém tão apto. Escrevo em busca de uma verdade que se faça explicar, me complicando mais ainda, indagando se seria melhor se eu seguisse à risca minhas objeções. É verdade que quanto mais definições faço de mim, mais imutável sou. Escrevo porque tenho meus motivos de ser assim e não ter poder sobre minhas escolhas, pois às vezes me sinto comandada por um painel de controle ignoto. O mundo anda hostil, mas não vou negar que luto contra todo o mal que existe, não vou ensaiar uma farsa que compromete minha posição e minhas desaprovações diante desse enfermo. Posso até chegar a assumir que não somente me oponho como também compartilho meus vícios e defeitos que nada contribuem para essa coisa que todos procuram chamada paz, muito menos a minha. Escrevo porque possuo demônios a serem libertos, e para alimentar meu egoísmo, eu os solto para que não firam somente a mim. Escrevo por achar que aqui eu posso um dia instabilizar meus anseios. Por querer descobrir o que fazer quando até os sentimentos caem na rotina. Escrevo para perder o medo de mudar, pra enfrentar o desconhecido e entender que o que me aguarda não deve ser tão ruim assim. Então, finalmente poder me desapegar do que não serve mais e procurar outra forma de substituir o que antes fora essencial. Pode não parecer, mas a complexidade das dúvidas é que geralmente pensam por mim, muito mais do que a exatidão das certezas. Por isso escrevo.
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segunda-feira, 15 de agosto de 2011
Por todo o bem que te quis
E quero. Sim, recebi muitos avisos indiscretos e nem me esforcei perceber. Foram tantas as vezes que esperava você tirar um pouco do seu tempo apertado para conversar nossas besteiras, mas era quase impossível matar a saudade. De fato, o destino nunca correu a nosso favor, mas costumávamos facilitar as coisas até que paramos de lutar, paramos de nos dispor. Não vou dizer que foi você quem parou de insistir, não seria tão hipócrita, pois o meu descuido em relação a nós foi um erro que jamais vou me permitir aceitar. Mas também não posso fingir que as mudanças partiram apenas de mim, você se deixou levar por companhias mais interessantes com conversas que chegavam a seu nível e que levantavam seu ego. Talvez eu nunca tenha sido tudo isso. Nunca cobrei de mim mesma ser a melhor coisa que tinha te acontecido, confiei nos laços que nos ligavam, laços que foram se desgastando sem que eu notasse. Eu depositei meus sentimentos mais sinceros em você e achei que fossem recíprocos.
Enquanto que estava longe em corpo, não achei que estivesse em alma também, já que recebi tantas promessas que envolviam eternidade no meio. Se eu soubesse que te incomodava minha falta, provavelmente eu teria sido a o alguém mais próximo em sua vida. E queria ser, se minha coragem permitisse, se minhas incertezas referentes a você fossem menores e melhor ainda se não existissem, pois me julgo alguém que te conhece muito bem e tenho vontade de poder dizer que sou a pessoa que mais te conheceu, mas nem isso consigo afirmar, pois minhas dúvidas corrompem tudo aquilo de bom que nutri por tanto tempo.
Deve mais do que te desagradar a ideia de que poucas vezes – se não vez nenhuma, me mostrei contra suas faltas, sua ausência que foi ficando cada vez mais habitual. Saiba que não era porque eu não me importava, mas sim porque tinha medo de que isso fosse nos afetar mais ainda, medo de falar que estava sufocando não te ter ali do meu lado me dando o suporte que precisava. A verdade que é que me senti traída pelos seus sentimentos e assim usei tantas desculpas absurdas pra chamar sua atenção, contava meus problemas e sentia profunda curiosidade de saber dos seus, então a sua aparente indiferença me fez crer que você tinha achado confidentes melhores e sei que não estou enganada. Você se isolou no seu mundo de uma forma que chega a intimidar qualquer um que queira entrar, qualquer um que esteja disposto a invadir esse seu muro de insatisfação e assuntos mal acabados. Entenda que do mesmo modo que me calei diante do nosso lento processo de afastamento e reprimi toda minha mágoa por temer piorar nossa situação e encarar o problema sem toda essa covardia que sinto quando estamos se tratando de nós, não sinto nenhuma raiva, muito embora tenha esse desejo infantil, às vezes, de te enfiar num dos cantos mais escuros do meu coração. Não consigo e sinceramente, espero nunca conseguir. Se o destino nos obrigou a não ter o futuro como planejamos, espero poder levar comigo as melhores recordações de você, pois até hoje foi um dos poucos, provavelmente o único que conseguiu me fazer querer o tempo todo a companhia sem mesmo se dar ao trabalho de continuar cultivando nossos laços. Eu espero todos os dias, que tudo de bom te aconteça e que no momento certo reconheça os motivos de eu estar aqui te escrevendo e um dia possa realmente enxergar que meus erros foram por te querer bem demais.
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quinta-feira, 11 de agosto de 2011
Feliz dia do estudante [!]
Provavelmente eu deveria estar estudando pras provas de amanhã, mas como sempre, tenho assuntos mais importantes e menos urgentes do que aprender números complexos ou o significado que a sociologia atribui para o poder. Algo me faz crer que nunca vou descobrir o mistério de por que tudo se torna muito mais interessante quando se tem a obrigação de sentar numa mesa e cair de cara nos livros. É, meu amigo, acho que esqueceram de me dizer antes que o passe pra entrar numa faculdade não é tão simples de se conseguir como parece, e quem acha que vida de pré-vestibulando é fácil, deve ter esquecido do tempo que já foi um.
E como aluna nada dedicada que sou, tiro o meu tempo dessa folga que a escola deu pra estudar, para escrever sobre o dia do estudante, porque sim, isso é muito mais interessante do que potência e plano de Argand-Gauss. Aproveito também pra dizer que apesar dos muitos momentos que pensamos que não temos futuro, a concorrência tá estudando, então não pense, só estude. Esse conselho serve, sobretudo pra mim.
Que eu comece a dar valor aos meus dias inteiros dentro de uma sala de aula, porque de tudo que acontece na minha vida, isso parece ser a única coisa que realmente tem fundamento. Que eu saiba reconhecer o esforço das pessoas ao meu redor e fingir não notar no quanto sou pressionada – Ah, isso é essencial! E pra quem diz que ensino médio é legal, espero que não se ofendam por eu achar todos loucos.
Um ótimo dia do estudante a todos, que quanto a mim, tirarei esse dia folga.
quarta-feira, 10 de agosto de 2011
Emaranhado de coisa alguma
Chega uma hora que pedir um pouco mais das pessoas se torna enfadonho e repetitivo. A cota da minha paciência – já muito curta – se esgotou e tenta avisar pros outros sentidos que chega, não dá mais. Talvez eu só esteja errada em me julgar merecedora de afetos que não tenho, de atenções que não consigo chamar e dos conselhos que ninguém me dá.
Qual a graça de passar todos esses dias indo e saindo da cama automaticamente, presa numa rotina que me tira tempo e disposição para viver? Desde quando eu me privei da liberdade que eu tinha em gastar horas a fio sem nenhuma obrigação, sem nada pra fazer mais tarde, em que lugar eu coloquei o meu tempo? Fico pensando no desperdício, em tudo que eu joguei fora por mera distração e das futilidades que se antepararam em troca do que realmente importava.
Quando eu perdi o controle já nem sabia até que ponto tinha chegado, e cheguei longe, pra ser sincera. Então que sentido existe em levar uma vida sem perspectiva, embora seja conveniente e que muitos achem que está tudo bem, que sou bem sucedida, afinal, quem iria desconfiar que atrás dessa pose prepotente e ríspida, há alguém com uma alma tão cheia de marcas e poços, alguém que anda tão cheio de nada pra dar e tão disposto a receber algo que não vem de ninguém. Sim, não estou feliz com os meus dias e nem com as pessoas ao meu redor e a imensidão do vazio que é transmitido em vários momentos é agoniante e tira qualquer boa vibração que existe do pensamento. Sei que posso soar meio louca quando afirmo com toda certeza que ando acima de tudo sozinha de mim mesma.
Não sei aonde vou parar com essa mania de cavar buracos, de sentir remorso em ser um pouquinho mais livre. Muitas vezes até chego a sentir ameaça apenas pra não deixar ninguém entrar e tentar mudar esse quadro. Convenço a todos que essa invasão de espaço não é necessária, que sei me virar muito bem sozinha. Convenço a todos, menos a mim.
segunda-feira, 8 de agosto de 2011
Primeira pessoa do plural, no passado
Estive lendo cartas velhas, textos antigos e vendo lembranças passarem rapidamente, sem pena, comecei a lembrar. Nossa inocência, aquela ausência bonita de maturidade. Ríamos das maiores bobagens, e o melhor de tudo, sem culpa nenhuma. Não era necessária explicação, nem para nós mesmos, afinal, qual é o propósito em se explicar? Éramos tão diferentes, bobos, querendo algum espaço um na vida do outro e a gratidão que dava quando esse espaço era tomado, com sorrisos sinceros e abraços que emanavam uma espécie de segurança. Éramos íntimos, de passar a madrugada inteira trocando confissões, fazendo piada até mesmo das nossas próprias desgraças e qualquer detalhe que acontecia era preciso ser contado o mais depressa possível, era uma obrigação que confortava. Com o tempo, fomos criando uma tipo de similaridade afetiva, dessas que nos fazia ouvir as mesmas músicas, ler os mesmos livros, ter as mesmas conversas e até ter a mesma opinião a respeito de tudo. Sem contar das tantas vezes que bati de frente com qualquer um que tentasse se indispor contra nós, não ligava a mínima se aquilo ia me afastar de todos que até então eu amava. Éramos inconsequentes. Quando nos metíamos em confusão só porque queríamos um motivo diferente pra rir no dia seguinte e a minha lista de primeiras vezes que aconteceram nas poucas vezes que nos encontramos. No meio da semana faltávamos compromissos, adiávamos tudo só para sentarmos em qualquer uma dessas mesas de bar e tomar alguns goles de bebida. No final da noite, quando já estávamos cansados de falar mal daquela galera ousada que não curtíamos ou de reclamar das nossas próprias vidas, tínhamos o ombro um do outro para se recostar e só aí começar a pensar numa maneira de voltar pra casa. Mas não importava, porque tínhamos algo que ninguém mais tinha. Tínhamos um ao outro.
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domingo, 7 de agosto de 2011
Das falsas intenções
Maior que a necessidade de alguém pra me recompor, é a necessidade de alguém pra me ajudar a segurar esta barra. Não confio em muitos ouvidos e bocas indiferentes, estou cheia de não achar ninguém que retire de mim mais do que aquilo que apenas digo por dizer, ninguém parece disposto a me entender por inteiro, fazer promessas, partilhar planos e explorar meus sentimentos. E esse meu constante descontentamento vai me isolando, me deixando cada vez mais só.Um pouco de autenticidade, menos sonhos desgastados de utopia, algo assim, como estar farta das falsas intenções. Querer algo realmente verdadeiro é pedir demais? Até onde me lembro não tenho nenhum preço a pagar, nenhum motivo que me faça merecedora dessa falta. Meu estado de espírito tem sido como um copo meio vazio, pedindo sempre por mais dosagens. Minha vida inteira vem sendo esse meio termo, essa coisa que nunca acaba e nem se exalta. Sabe o que mais? Estou cheia de metades, vazia de atenção.
Nunca quis ter expectativa nenhuma a respeito de nada. Como se pudesse evitar ter em cada rosto uma visão de alguém perfeito pra se passar a vida inteira compartilhando sonhos, fantasias, semelhanças, interesses. Quando se está pronto pra abrir mão de tudo – orgulho, amor-próprio, essas futilidades – nunca se para pra pensar em como isso pode ser doloroso. E as chances que existem, se é que existem, pra voltar atrás tem passe limitado.
Por isso estou cada vez mais só. Não tenho passe pra voltar atrás e muito menos coragem pra seguir em frente com qualquer atitude. Vivo de expectativas, em sua maioria frustradas e precisando como nunca de algum tipo de perspectiva que me livre dessa carência de afeto. É como se boa parte do meu dia fosse tomado por fatos efêmeros. É cada vez mais só que vou segurando esta barra. Sem alguém pra me dar a atenção de que tanto preciso e tapar meus anseios de viver como se deve ser.
terça-feira, 2 de agosto de 2011
Nada feito
Passa despercebido qualquer afeto que tenha sido nutrido da sua parte. Não consigo me convencer, embora secretamente deseje ter sua atenção toda pra mim. Se finge não se importar ou realmente não se importa, tudo é motivo para me deixar, de certa forma, meio paranóica. Já fugi e voltei várias vezes, porque você sempre me fez crer que havia uma chance para nós e tantas vezes fiquei a um passo da ilusão. Então a história distorce e mais uma vez me vejo em direção a um oásis imaginário.
Queria ter uma provação, mas sei que se eu for esperar por uma atitude obstinada vir de você, corro o risco de ficar louca. Portanto nem espero, apesar de querer infinitamente uma demonstração pouco mais sólida. O que é contraditório, e claro que não podia ser diferente vindo de alguém tão cheio de faces e humores. Por Deus, como odeio isso! Odeio acima de tudo o jeito que seu temperamento consegue me atingir de tal maneira. É desconcertante ser manipulada assim e nem mesmo poder dar resposta quando perguntam “E ele?”. A resposta é sempre “Não sei”. E essa incerteza diminui um pouquinho quando de repente você vem me intimidar com essa proximidade perturbadora. Mas parece aumentar dez vezes quando se afasta de súbito, sem nunca assumir o que quer.
Vou levando esses silêncios com uma espécie de martírio e igualmente calada, tento convencer que esses sentimentos imaturos não é coisa de gente grande. Você não é coisa de gente grande e eu já sou feita, mereço gente feita – pra mim. E mesmo que eu invente mil motivos que o torne exclusivo, especialmente pra mim, sei que de fato, Alguém de Verdade você nunca vai ser e não é meu legado perder ainda mais tempo tentando ensiná-lo.
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